Travessia Marins - Itaguaré
- Silva Neto
- 25 de jun. de 2018
- 6 min de leitura
Atualizado: 5 de out. de 2018
Cidade: Piquete.
Meio de acesso: Carro, moto ou a pé.
Atividades: Trekking, escalaminhada, escalada, travessia.

O acesso: Fomos de carro pela Rodovia Fernão Dias e Dutra, saindo nas sinalizações que indicavam a cidade de Piquete. Já na cidade é só seguir as placas que indicam Base Pico dos Marins. No caso da travessia, tivemos que pagar uma pessoa para nos buscar do outro lado da travessia.
A aventura começa mais uma vez na loja da Decathlon Marginal Tietê, partindo para Base Marins após às 22:30, fazendo apenas uma parada na estrada para abastecermos nossas energias.
Chegamos à base por volta das 02:30, encontramos um lugar realmente lotado de carros, achamos uma vaga e montamos nossas barracas em frente a uma Igrejinha abandonada. Foi uma noite bem tranquila e sem nenhum tipo de problema, ficou em mente apenas a ansiedade para o dia que estava por vir.
Acordamos cedo, antes das 08:00, recolhemos as barracas, ajustamos nossos equipamentos e partimos rumo ao primeiro dia de nossa travessia.
A primeira parte do primeiro dia, segue o mesmo trajeto de quem ruma ao Pico dos Marins, tendo como principais pontos de referência, o Morro do Careca, A Fenda, A Pedra da Andorinha/Pedra Rachada.

Uma observação destes pontos é com relação A Fenda, que para alguns é um grande desafio, desta vez, nós resolvemos subir através de uma fissura uns 5 metros antes da famosa fenda, e no geral achamos um acesso muito mais fácil e seguro, não posso dizer como é descer por ali, mas subir foi bem tranquilo.
Ao chegarmos no ponto onde é possível avistar o Marins e o Marinzinho, paramos para descansar um pouco, pois a partir dali tomaríamos outra direção, ao invés de mantermos à direita em direção ao Pico dos Marins, seguiríamos à esquerda, com destino ao Marinzinho.
Até esse trecho havíamos cruzado com pelo menos umas 40 pessoas, voltando do Pico dos Marins, um movimento muito alto. Após o platô onde paramos, seríamos os únicos na montanha, a nossa frente apenas a natureza.

Descansados, alimentados e prontos para seguir, iniciamos uma subida bem íngreme que nos levaria até o Pico do Marinzinho, não é um trajeto muito fácil, mas com paciência e cuidado pode-se vencê-lo com segurança. Chegar no alto do Marinzinho e poder ver o quão belo é o Pico dos Marins à direita e a Pedra redonda à esquerda, faz valer o esforço para alcançar àquele ponto.
Cume do Marinzinho alcançado, é hora de descer, mais uma das muitas descidas que faremos. Para descer temos que passar por um lance de cordas, que na verdade é possível ser feito sem elas, no geral é bem tranquilo, as cordas estavam em um estado razoável, não quebraram rsrsrrsrsrsr.

Próximo destino, Pedra Redonda. O caminho é consideravelmente bom, e a trilha bem intuitiva. Para quem não sabe, a Pedra Redonda, NÃO É REDONDA, é na verdade uma pedra em cima da outra, é um ponto muito bonito e pode ser considerada a metade da travessia. Após esse ponto de referência seguimos por mais uns 30min, a noite já estava chegando e a trilha, já um pouco mais difícil prometia ficar bem complicada, pois em alguns pontos é necessário passar por um grande trecho com bambus que atrapalham muito a navegação. Conseguimos chegar a clareira onde iríamos acampar antes do anoitecer, a tempo de ver o Sol se despedir e dar lugar a uma noite super estrelada, e a um frio bem interessante. Tivemos sorte pois nesta noite não ventou nada, o que deixou a temperatura muito mais suportável.

*Um fato um tanto curioso desta noite.
Por volta das 03:00 da madrugada, nós ouvimos passos em volta das barracas, estávamos em quatro pessoas, duas em cada barraca, e três ouviram os mesmos sons, até agora não sabemos se realmente era uma pessoa, mas pela intensidade e frequência não eram passos de algum animal.

No dia seguinte acordamos sobre as nuvens, e sem demora levantamos acampamento, o dia prometia longas caminhadas, escalaminhadas, e muita superação. Basicamente após o camping temos que subir e descer alguns morros, e é impressionante como fazemos isso rápido, uma hora estamos no topo, em um outro olhar vemos o topo vários metros atrás de nós, alto e imponente, olhando para frente a mesma visão, outro morro, com outro topo alto, e assim vamos, até chegar no topo do último morro, deste podemos ver exatamente o caminho que teremos que fazer pelas costas do Itaguaré (O Castelo da Bruxa).

Durante todo o caminho encontramos as setas da transmantiqueira, uma sinalização feita um dia antes para indicar o caminho certo a ser seguido, e é de muita ajuda em momentos de dúvida. Estreamos a sinalização e aprovamos com toda certeza.
Já na base do Itaguaré, deixamos nossas mochilas e iniciamos nossa subida ao cume. A subida não é muito difícil com exceção de uns dois pontos em que é necessário um esforço maior. Demoramos um pouco para achar o caminho certo a ser seguido, mas quando achamos fomos muito rápidos. Os trechos mais perigosos deste ataque ficam do Pulo do Gato, para frente, já que a exposição começa a ser maior. O Pulo do Gato é um trecho relativamente fácil, porém EXTREMAMENTE PERIGOSO, o risco de MORTE é iminente em caso de erro, portanto não passe por este ponto sentindo-se inseguro ou despreparado.
O cume do Itaguaré é simplesmente maravilhoso, Pedra Redonda, Marinzinho, Marins, Serra Fina, tudo à vista do cume do Castelo da Bruxa, da base ao topo e de volta a base, são aproximadamente 30min, se você sabe para onde ir, caso contrário demora um pouco mais.

Todos reunidos na Base do Itaguaré, começamos nossa descida para o tão merecido descanso, mas para isso ainda teríamos que descer uma bela de uma piramba, foram duas horas ininterruptas de descida, e não pense que por ser descida foi fácil, muito pelo contrário foi bem cansativo, mas conseguimos.

Como de costume vou deixar algumas dicas para vocês.
Dicas: Essas são dicas baseadas em minha experiência, e acredito serem de extremo valor para quem deseja fazer esta travessia.
· Água - Levem no mínimo 4L de água, isso para quem tem um consumo normal. Para quem tiver as water bags, ou mochilas de hidratação, será uma ótima maneira de transportar a água, para quem não possui, opte por garrafas próprias para trilha, pois facilitam o consumo, o transporte, além de ter uma melhor vedação, evitando desperdício. Lembre-se, a água também será utilizada para cozinhar, seja almoço, seja janta.
· Comida - Não levem muita coisa, barrinhas de cereal, lanches e frutas são a melhor opção, para o consumo na trilha. Para o jantar, o bom e velho miojo é uma boa alternativa, já que será apenas uma noite. Dessa forma carregarão pouco peso e terão refeições que irão suprir as suas necessidades.
Equipamentos - Vamos dos pés a cabeça.
· Utilize um calçado, com boa aderência, já que em muitos pontos o solo e as pedras estão bem úmidos, opte por um calçado com a ponta emborrachada, nas escaladas será extremamente útil, além é claro da impermeabilidade e conforto, que podem fazer uma boa diferença no percurso. Não é obrigatório o uso de botas, mas essas proporcionam uma boa proteção contra torções.
· Quanto a calça, procure por uma calça com grande resistência a abrasão, que seja leve, respirável e de secagem rápida.
· Aconselho o uso de uma camiseta de manga cumprida, respirável, dessa forma terá uma aventura mais confortável, tanto durante quanto depois.
· O uso de uma segunda pele é quase que indispensável em grande parte da travessia, a exposição a ventos é muito alta em diversos pontos da montanha, ou seja, leve uma blusa de fleece e um corta vento para completar, ambos serão úteis e deixaram o seu corpo aquecido principalmente à noite.
· O uso de luvas é opcional, tanto a de frio quanto uma de proteção a abrasão, como dito, o lugar pode ser bem frio, logo, o uso de uma luva também é recomendável, ao menos nas primeiras e últimas horas do dia.
· Óculos e chapéus são opcionais, podem ser bem úteis na proteção do rosto e na sensação de conforto durante a trilha.
· Bastões de caminhada são utilizados apenas na trilha que leva até as pedras, após são dispensáveis.
· GPS e outros dispositivos de navegação são muito bem vindos, principalmente se pretende fazer a trilha por conta própria. Como dito a travessia agora está bem sinalizada, e a trilha em muitos pontos bem clara, mesmo nas pedras é possível ter uma orientação quase que natural, porém há pontos extremamente complexos, o que a torna a travessia mais difícil do Brasil, segundo muitos montanhistas.
E sempre utilize filtro solar, você agradecerá após a trilha.
Segue a lista de equipamentos utilizados:
- Mochila Black Diamond 50L
- Barraca - Azteq Nepal 2
- Saco de Dormir - Nautika Micron 8°
- Segunda pele calça - HSS
- Segunda pele blusa - FreshWarm Wed'z
- Anorak 3x1 - Quechua
- 2 pares de meias Quechua Arpenaz 50 High
- 1 Calça Forclaz 100
- 1 Camiseta Quechua TechFresh 500
- 1 Bota Forclaz 500
- Laterna de cabeça Onnight 100
- Bandana Quechua
- Luva Forclaz
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