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San Salvador de Jujuy

  • Foto do escritor: Silva Neto
    Silva Neto
  • 31 de mar. de 2018
  • 5 min de leitura

Ao final da belíssima estrada que levava até Bermejo, atravessei o rio que leva o nome desta cidade, para assim poder deixar as belas montanhas bolivianas e, adentrar às infindáveis planícies argentinas.

Pela primeira vez parei em um posto da Aduana onde tive que preencher alguns formulários, passar a bagagem no raio-x e perder alguns minutos de estrada, mas assim que fui liberado, lá fui eu.

Eu não sabia por qual estrada estava rodando exatamente, só sabia para onde queria ir, e assim fui indo, cidade após cidade, campo após campo, fui seguindo. Tem duas partes deste trajeto que não filmei mas vou falar aqui. Uma delas foi em uma cidade que estava tendo um protesto e o pessoal interditou a estrada, antes que eu começasse a procurar uma alternativa, eles me viram e sinalizaram para que eu passasse, ficaram olhando para a moto com um sorriso, e segui à vontade por entre o protesto.

A segunda foi uma cidade, que se não me engano se chama Libertador General San Martin, nesta cidade havia como se fosse um enxame de borboletas, isso mesmo, borboletas, ao final deste post tem um vídeo de minha chegada à San Salvador de Jujuy, onde eu joguei uma água na moto e vocês podem ver que uma destas borboletas ficou presa no farol da moto, a principio eu imaginei que fosse aqueles bichos chatas que surgem quando está calor, mas depois prestei mais atenção e vi que não era nada disso, foi surpreendente!

Bom, algumas horas depois que passei pela cidade das borboletas cheguei até o meu destino, uma cidade realmente grande, mas o que mais me marcou foi logo que eu cheguei e senti um ar meio que europeu (nunca fui para Europa, mas imagino que seja como eu vi em Jujuy), devido a temperatura amena, talvez um pouquinho fria e, suas árvores com flores meio amarronzadas, muito bonitas. E como em todas as cidades que passei, iniciou-se minha busca por uma casa de câmbio e um hostel/hotel. Tenho que admitir que demorei para achar uma casa de câmbio, mas consegui e por um bom preço, fiz as contas e comprei pesos suficientes para minha primeira passagem pela Argentina (passagem essa não programada no plano original). Dinheiro na mão, agora só restava o hostel.

Como Jujuy é uma cidade relativamente grande, os preços a acompanham e por este motivo tive que procurar um bocado até achar o centro turístico de Jujuy, que ficava numa praça muito bonita e movimentada, lá peguei uma espécie de guia para turistas (foto ao lado), e nele pude encontrar um mapa e endereço de alguns hósteis, após visitar um que ao meu ver era pouco confiável, consegui achar outro, muito bom, na verdade era uma casa com vários quartos, mas como disse era muito bom. Lá eu pude lavar a moto, descansar, ver Os Simpsons em espanhol e me preparar para o grande dia, a travessia da Cordilheira dos Andes. 

Como eu nem sabia direito como fui parar em Jujuy, também não sabia muito bem como sair, aproveitei o mapa que tinha recebido e comecei a ver por onde poderia cruzar a cordilheira, vi após um certo estudo que o lugar mais próxima para a travessia seria através do Paso de Jama, para chegar lá teria que seguir pela Ruta 52, que acessaria na cidade de Purmamarca. Pronto, já sabia do meu próximo passo, agora era descansar e acordar cedo, bem cedo, pois seriam aproximadamente de 500km de território completamente desconhecido e sobre um ícone do da América Latina.

E após um descanso excelente acordei cedo, bem cedo, e estava um frio como ainda não havia sentido durante a viagem, com as mão geladas comecei a arrumar as bagagens na moto enquanto ela esquentava um pouco. Tudo pronto, arrumado e esquentado =). Lá fui eu, primeiro abastecer e depois rodar ótimas estradas, apenas com a companhia da noite, que ainda escondia as imensas montanhas à minha esquerda. 

Finalmente após alguns quilômetros de curvas, a noite começa timidamente a se retirar, bem a tempo de chegar a entrada da cidade de Purmamarca, e foi ali, bem ali que comecei a ter noção do quão grande é a Cordilheira, antes eu imaginava que era algo parecido com a serra de santos, só que mais alta, mas não poderia estar mais errado, além de muito altas, elas são compridas, e para mim foi uma experiência, uma felicidade indescritíveis quando comecei a notar isso, para deixar tudo mais incrível e memorável, o Sol ainda não tinha nascido, e curva após curva, quilômetro após quilômetro via o Sol tomando conta da paisagem, primeiro com um brilho intenso bem no pico da montanha mais alta que podia ver, e aos pouco foi ganhando seu espaço na montanha, deixando-a com um tom amarelo avermelhado, e eu ainda estava na parte baixa, onde a sobra dormia e o frio me acompanhava, não que o Sol traria o calor, mas pelo menos a luz.

E assim, me deleitando em satisfação por simplesmente estar onde eu estava, alcancei a luz do Sol, me senti como um ser único, naquele momento senti como se o mundo me olhasse e me aprovasse, um dos melhores instantes da minha vida, assim como outros que estavam por vir.

Como disse, percebi logo a enormidade destas montanhas, mas quanto mais eu andava, mais impressionado e desacreditado ficava, nunca imaginei que haviam planícies tão belas e vastas no meio da cordilheira, mas há. E são belíssimas, uma longa estrada cinza escuro, cortando um deserto marrom claro, com alguns pontos esbranquiçados de sal ao longe, olhando para cima, havia um céu tão azul me abraçava, abraçava a terra, era possível até perceber um tom escuro no céu, que lugar lindo, que perfeição, ainda hoje fico embasbacado quando me lembro, até hoje tenho saudades, até hoje planejo voltar lá. E logo cheguei a cidade de Susques que fica no meio da cordilheira, ainda do lado argentino, não cheguei a parar para conhecer a cidade, mesmo por que não é propriamente uma cidade.

Parei lá apenas para fazer umas fotos e me informar sobre posto de combustível, que por sinal estava bem próxima, a uns 1,5km aproximadamente, lá além de abastecer fui tomar um chocolate quente em um restaurante muito aconchegante e o melhor, bem quentinho. Quando eu falo que estava frio é por que estava muito frio, em alguns momentos da travessia colocava minha mão no motor da moto para poder esquenta-la, meus dedos doíam, e esse era o único alívio que tinha, mesmo com um parar de luvar a prova d`água, ótimas para o frio. Após um descanso no restaurante, parti em direção a aduana dos dois países, essa estava mais distante. Chegando lá, o procedimento foi normal, preenche formulários, espera, responde perguntas e espera mais um pouco, o rapaz quando foi revistar a moto, apenas deu uma olhada nela de longe e disse: "Do Brasil? Puede seguir". E segui, para um pouco mais adiante chegar na divisa, Argentina - Chile, a exatos 4320 metros de altitude em relação ao nível do mar, um ponto emblemático em minha viagem, que serviu para me ensinar que apesar de todas as dificuldades, podemos alcançar os nossos objetivos, por mais que eles pareçam estar distantes, nós podemos, eu pude, eu consegui.  


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