Concepción
- Silva Neto
- 31 de mar. de 2018
- 4 min de leitura
Concepción, Paraguai, um destino que sem dúvida nenhuma foi inesquecivel, foram dois dias em terras paraguaias e aqui irei relatar minha breve, porém marcante visita.
Antes do raiar do Sol, moto abastecida (só voltaria a abastecer no Brasil novamente 20 dias depois), pneu calibrado, mochilas fixadas e força, foco e fé na mente. Parto da cidade de Rosana em direção à fronteira Brasil - Paraguai, sobre minha cabeça um céu tão estrelado quanto não poderia imaginar na cidade de São Paulo, acelero a Yume, feliz e por ótimas rodovias, vejo o Sol nascer pelo retrovisor, e aos poucos ele vai surgindo cada vez mais forte, revelando belas paisagens. Deixo para trás a "segurança" brasileira, para me arriscar em um lugar totalmente desconhecido.

Após passar por Nova Andradina e Dourados, chego à Ponta Porã, e logo me deparo com duas enormes bandeiras, uma brasileira e outra paraguaia, um pouco mais à frente. Finalmente pela primeira vez em minha vida estarei saindo do Brasil, e nunca imaginei que seria tão fácil, foi apenas passar por uma rotatória para chegar em uma avenida paralela, pronto, estava no Paraguai. E agora?
Precisava de três coisas, cartão de memória, bateria e Guaranis (moeda utilizada no Paraguai). E que melhor lugar para comprar esses itens que no shooping China? Fiquei positivamente surpreso com esse lugar, imaginava algo do tipo 25 de março, mas não, era um mega shooping com corredores a se perder de vista, com itens dos mais variados, e foi lá que comprei tudo o que precisava. Agora era pegar a estrada rumo a Concepción.
Saio do shooping, e em menos de 5 minutos, já estou na Ruta 5 (ruta quinta), estrada essa em boas condições, com acostamento (muito utilizado pelas motos de

baixa cilindrada, sendo conduzidas por pessoas sem capacete e não raro com três, quatro e até cinco pessoas sobre elas) e sem muita sinalização, foi justamente no início dela que tive que começar a praticar o meu portunhol, para conseguir abastecer a Yume com a nafta paraguaia, após abastecida ela me conduziu de maneira harmoniosa por dentre montanhas muito peculiares que até então nunca havia visto, assim como uma vegetação que de certa forma é estranha para mim.
Após 500Km percorridos, avisto mais um posto policial, neste os policiais não estavam sentados em cadeiras sob árvores, com as camisas para fora da calça, neste eles estavam devidamente fardados e com armas em punho.
De maneira educada, sou obrigado à apresentar os meus documentos e o da moto, e é neste ponto que minha história no Paraguai começa a ficar inesquecível.
O policial, diz que eu estou sem o documento de entrada no país, que eu deveria ter passado na estação de imigração, e que agora eu não poderia continuar viagem, e que a moto teria que ficar apreendida caso a "multa" não fosse paga.
Para bom entendedor meia palavra basta, a multa no caso é propina. Podem acreditar que só faria uma coisa dessas caso fosse realmente necessário, e acreditem, quando você está cercado por pessoas armadas, em um lugar deserto e desconhecido e te ameaçando de maneira indireta, você faria o mesmo que eu, pagar R$ 100,00 de "multa".
Essa foi minha primeira má impressão.
Pois bem, R$ 100,00 mais pobre porém mais próximo do meu primeiro destino internacional, alguns minutos mais tarde chego a cidade de Concepción e foi uma experiência impactante, interessante e de certa forma triste.
A cidade para mim se apresentou muito confusa, havia um número incalculável de motos nas ruas, e me senti uma mosca branca andando com a Ninja, todos nos

olhavam, e comecei a sentir um medo, bem de leve, mas tinha que achar um Hotel/Hostel naquela confusão de placas e motos, viro à direita, à esquerda e nada, até que chega um rapaz do meu lado também em uma moto, e começa a perguntar coisas sobre a Yume, procurei agir da maneira mais natural possível e respondi sem receio a todas as perguntas, e vi que era apenas curiosidade, em troca perguntei se ele poderia me ajudar à achar o bendito hotel, e sim, ele me levou até a porta de um, e não apenas isso, ele me passou o número de seu celular dizendo que era da polícia, e caso precisasse de algo poderia ligar. Anotei o telefone e guardei meu celular.
Quando o dono do hotel veio falar comigo e fui levantar da moto, meu celular caiu........com a tela virada para o chão.........quando abaixei e o peguei, vi que a tela estava.............completamente quebrada assim como o touch, portanto estava sem celular. Meu ânimo que não estava muito bom, diminuiu consideravelmente.........mas a vida, essa sim é uma caixinha de surpresas.
Resolvi que ficaria naquele hotel, pois já estava cansado e o preço parecia razoável. Guardei a moto e tirei as mochilas dela, levando tudo para minha residência de um dia.
No geral gostei bastante do hotel, havia ducha quente, ar-condicionado, tv a cabo, wi-fi (que não conseguia mais usar) e a garagem.
No vídeo abaixo mostro o Hotel e um pouco como estava.
Particularmente, não gostei da cidade e não sei especificar bem o porque, talvez uma soma de pequenas coisas, como mal cheiro, desorganização, e como disse não sei explicar bem, mas não gostei.
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